quinta-feira, 3 de abril de 2008

Existe objetividade no jornalismo?

Segundo Michael kunczik, quem primeiro levantou a polêmica foi Tucídides em sua obra “Histórias da Guerra do Peloponeso”, há mais de 2.400 anos atrás: “Essa investigação foi difícil porque os depoimentos sobre os diversos fatos não foram todos descritos do mesmo modo, mas esmiuçados segundo seus pontos de vista ou da maneira como os lembraram.” Travava-se, assim, o problema da objetividade no jornalismo, que ainda hoje permanece sem solução.
A polêmica é grande, uns se esforçam para comprovar a impossibilidade de ser completamente objetivo; outros criticam os jornalistas de não serem neutros, de não conseguirem reportar a realidade sem interpretá-la. É óbvio que os segundos são mais infelizes em suas colocações. Jamais um fato ou acontecimento poderá ser comunicado sem que haja em sua transmissão subjetividade. O motivo é simples: a subjetividade nunca poderá ser excluída do ser humano. Lógico que há uma diferença, bastante sutil, entre ser subjetivo e ser tendencioso.
No entanto, a grande questão não é essa. Se fosse, já estaria esgotada. A dúvida é outra. Segundo Liriam Sponholz, devemos nos perguntar: “Se é possível buscar e se aproximar da realidade, quais são então os critérios necessários e quais são desnecessários para que (...) a cobertura jornalística se torne mais objetiva?” Para responder essa pergunta precisamos, antes, entender corretamente o conceito de objetividade. Muitos são os teóricos que tentam definir o termo, mas a maioria acaba caindo no erro de colocar a objetividade em oposição à subjetividade. Conforme Felipe Pena, a objetividade “surge não para negá-la (a subjetividade), mas sim por reconhecer a sua inevitabilidade”.
Como vimos anteriormente, qualquer tipo de transmissão da realidade não passará de uma representação da mesma, só que carregada de subjetividades (preconceitos, ideologias, interesses pessoais, etc.) de seu autor. E isso pode acontecer de forma deliberada ou inconsciente. É a partir dessa percepção que surge a objetividade, quando o homem reconhece que é um ser de natureza subjetiva. Assim, a objetividade é criada como um método de eliminar excessos de subjetividades no texto (ou outra forma de comunicação). Ou seja, ela surge como uma metodologia de trabalho que deve nortear a produção jornalística.
E então, nos perguntamos: em que consiste tal metodologia? Esse foi justamente o questionamento que nos propôs anteriormente Liriam Sponholz. Como tornar a cobertura jornalística mais objetiva? Para isso, seguem alguns procedimentos abaixo:
[1]

*Informar sem emoções;
*Informar de modo desapaixonado;
*Selecionar palavras neutras para descrever o contexto;
*Empregar citações diretas;
*Citar fontes contraditórias;
*Preservar evidências adicionais;
*Estruturar na seqüência apropriada (designação de importância relativa, localização etc.).
[1] Bentele (1982,pp. 135 s.), citado por Michael Kunczik.

5 comentários:

publiccreation disse...

Quando puder, faça uma visita no blog criado pelos estudantes do sétimo período de jornalismo da Maurício, O Linguarudo, onde também veiculo alguns textos. http://olinguarudo.wordpress.com/
Seus comentários serão bem vindos.

Unknown disse...

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver!"

Mestre: Dalai Lama

Abraço, e sucesso em suas realizações, com carinho, sempre, Jacó.

Anônimo disse...

Ola, Amiga
Gostaria de convidá-la para conhecer o Blog http://alfarrabistas.wordpress.com/
formado por um grupo de estudantes de jornalismo unidos para manter um canal de expressão na Internet. Visite e deixe seus comentários. Coloquei um link de seu Blog na nossa página principal.

Lisboa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lisboa disse...

entrei aqui para agradecer o comentário de (muitos) dias atrás, mas acabei lendo o texto e gostei muito. a imparcialidade, na falta de termo melhor, também é um sério problema na história...

Obg.
Abçs.